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LUCAS TEIXEIRA
( BRASIL – SÃO PAULO )
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TEIXEIRA, Lucas. Na mão de Deus. São Paulo, SP: EDITORA GRÁFICA PIRATININGA LTDA, 1958. 153 p. No. 10 035
Exemplar da biblioteca de Antonio Miranda, doação do amigo (livreiro)
Brito, em Brasília – DF.
PRÓLOGO
Êste “Confiteor”, feito junto às fontes
Da cerca de um convento, se aventura
A mostrar-te, Leitor, a névoa escura
Que me encobria, outrora, os horizontes.
Eu não podia ver os claros montes
Nem o fulgor, a limpidez da Altura.
Era tamanha a minha Desventura
Que ouvi-la deves porque bem na contes.
NA MÃO DE DEUS
— Fiz-me guerreiro pronto para a justa:
Semeando versos pela terra adusta,
Eu colho flores no espinhal da Vida:
Todo poeta que sofre reconhece
Que a divina Poesia — Sonho e Prece —
Só ela cura uma íntima ferida...
POR TRÁS DAS VIDRAÇAS
Olhos nas alturas, meditando em ti,
Pus-me a encostar a frente nas vidraças
Que de tanto eu chorar (pois te perdi)
Me esconderam o Céu, ficando baças.
Com o dedo pelos vidros escrevi
Minhas desilusões, minhas desgraças,
E através das palavras escrevi
A distância infinita onde tu passas.
Oh! esbate o azul profundo do teu Longe
No olhar com que te sigo (pobre monge),
A face contra o vidro que enregela...
— Ai! como é triste ver o sol lá fora
Quando nossa alma, ó Liberdade, chora
Por trás de umas vidraças de janela...
POEMA DA VIDA
Sua lágrima que ri; sorrir que chora;
Destino certo por caminho incerto,
Olhar da noite, numa estrela, e aurora
Abrindo a flora e a fonte do deserto...
Faço oscilar o norte em meio a bússola
Que busca o norte em meio da tormenta,
No mundo do Mistério cuja cúpula
Erguida, no Infinito, Deus sustenta.
Sou poema heroico, a um tempo hodierno
[e antigo,
Que num instante acaba e noutro é feito:
Canta-o na terra, a germinar, o trigo,
E a gente o escreve em sangue sobre o peito.
Sou a Alegria, o Sofrimento, a Dor:
— O Bem e o Malo dos homens. Repelida,
Sou Desespero. Mas sou Fé e Amor
No Coração humano. — Eu sou a Vida.
*
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Página publicada em outubro de 2024
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